Amazonas pede ajuda federal para obras da Copa

Amazonas pede ajuda federal para obras da Copa

 

Governador do estado, Omar Aziz, afirmou que auxílio é fundamental para a preparação de Manaus

 

Nos próximos anos, o governador do Amazonas, Omar Aziz, tem como obstáculo cumprir, a tempo, todos os compromissos para a Copa do Mundo de 2014. O governador deixa claro que a ajuda do governo federal é fundamental para que o estado esteja pronto para a mais importante competição do futebol mundial.

Aziz, que ocupou o posto de vice-governador do antecessor Eduardo Braga nos últimos oito anos, pretende promover grandes mudanças na Polícia Militar, que, nas últimas semanas, foi alvo de críticas após a divulgação de cenas de abuso de policiais contra um adolescentes baleado à queima-roupa. O episódio levou à troca do comandante da Polícia Militar do Amazonas. “Quero uma polícia que seja respeitada pelo cidadão de bem e temida por quem quer fazer o mal, mas não uma polícia arbitrária. É preciso coibir o abuso policial”, disse o governador em entrevista à Agência Brasil.

Omar Aziz aposta no ensino em tempo integral para melhorar os índices de educação e no turismo para combater a pobreza no interior do estado. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado em julho do ano passado, mostra que o Amazonas foi um dos estados com menor taxa de redução da pobreza absoluta de 1995 a 2008, o equivalente a 0,3%.

O engenheiro civil Omar Aziz também falou sobre as divergências que envolvem as obras da BR-319, rodovia que liga Manaus a Porto Velho (RO), cortando a Floresta Amazônica. O governo acha que a rodovia vai trazer desenvolvimento para a região sul do estado. Mas, para os ambientalistas, a rodovia pode se transformar na alavanca para o desmatamento descontrolado.

Aziz assumiu o governo do Amazonas em março de 2010, no lugar do então governador Eduardo Braga, que renunciou para concorrer a uma vaga de senador. Em outubro, foi reeleito com 63,9% dos votos.

O senhor assumiu o governo afirmando que uma das prioridades é a segurança pública. Nos últimos dias, foram veiculadas cenas em que policiais do estado atiravam contra um adolescente, sem chance de defesa. Como garantir ao cidadão amazonense uma política de segurança eficiente?
Temos que fiscalizar com mais eficiência e sermos ágeis na apuração e na punição. Para isso, vamos precisar que as duas polícias [Civil e Militar] atuem cada vez mais unidas: a Militar fazendo a prevenção e repressão e a Polícia Civil cada vez mais ágil na investigação para dar solução aos casos. Quero uma polícia que seja respeitada pelo cidadão de bem e temida por quem quer fazer o mal, mas não uma polícia arbitrária. É preciso coibir o abuso policial. Por isso, estamos trabalhando no fortalecimento da corregedoria-geral do sistema de segurança. Orientei o novo secretário de Segurança, Zulmar Pimentel, para que a corregedoria esteja presente em todas as unidades das polícias Civil e Militar. Além disso, estamos adotando alguns procedimentos que vão nos ajudar no monitoramento da atividade policial, uma delas é a instalação de câmeras nas viaturas para mostrar como está sendo feita a abordagem policial.

Pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o Amazonas está entre os estados com baixo percentual de coleta e tratamento de esgoto. Como o senhor pretende reverter esse quadro?
Vamos atuar em parceria com os municípios para tratarmos dessa questão. É meu compromisso expandir o Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim). Isso será feito em parceria com o BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento] para o interior. Já temos projetos para dez municípios. Nas áreas onde tem o Prosamim, como em Manaus, essa questão do esgoto está sendo resolvida, porque o programa atua no saneamento básico. Nessas áreas temos que fazer um trabalho de conscientização para que as pessoas aceitem ligar suas casas à rede de esgoto, o que faz com que tenham de pagar uma tarifa na taxa de água. É uma questão social que precisamos resolver, inclusive com a instituição da tarifa social.

O estado enfrenta carência de infraestrutura de transporte. Como o senhor pretende superar esse déficit e qual a prioridade? Sobre a BR-319, qual a posição do senhor diante das opiniões divergentes sobre a conclusão da rodovia? Quais os planos para hidrovias e ferrovias?
Acho que o problema de logística de transporte tem sido o maior entrave para melhorar nosso desenvolvimento. Aguardamos a ampliação do aeroporto internacional pela Infraero [Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária]. Temos que melhorar nossas hidrovias e resolver o problema da falta de portos. O governo federal tem compromisso conosco nesse sentido. Estamos aguardando a construção de um novo porto para o nosso polo industrial. Os municípios também precisam de portos. Em relação à BR-319, estamos aguardando a definição da continuação das obras. Espero que saia e, se não der, que nos apresentem outras alternativas.

O governo federal anunciou um corte no orçamento. O estado pode sofrer prejuízos por causa do corte? Como tem sido o relacionamento com o governo da presidenta Dilma Rousseff?
A presidenta assumiu compromisso conosco antes e depois da sua eleição. Aqui ela teve a maior votação proporcional do Brasil, e reconhece isso. Ela se comprometeu com a prorrogação da Zona Franca de Manaus e com a sua expansão para os municípios da região metropolitana. Assumiu isso publicamente quando esteve aqui no início de março. Também se comprometeu a nos ajudar a preparar a cidade para a Copa de 2014. Os projetos de mobilidade urbana e novos eixos viários dependem de recursos do governo federal. Nosso relacionamento tem sido muito bom.

Quais os principais desafios de seu governo?
Assumi compromisso de  melhorar a segurança pública, e já estamos trabalhando para a implantação do Programa Ronda do Bairro, que vai levar a polícia para mais perto da comunidade. Abrimos concurso para contratar 2,5 mil policiais militares. Acabamos de contratar 1.100 aprovados para a Polícia Civil. No ano que vem, quero mais 2,5 mil novos policiais militares. Mas o principal desafio deste governo são as obras da Copa. Temos um caderno de encargos assumidos com a Fifa [Federação Internacional de Futebol]. Entre os compromissos está o da mobilidade urbana, com um novo sistema de transporte coletivo. Temos a Arena da Amazônia em obra. Aliás, até onde se sabe, é a mais adiantada das arenas das sedes da Copa. Porém, é um compromisso muito grande, porque temos que montar uma estrutura de governo à parte para cuidar da Copa e continuar andando com a administração das outras coisas.