Clássico entre Náutico e Santa Cruz promete grandes emoções

30-01-2011 00:31

 

O primeiro clássico do ano é também o primeiro da nova década em Pernambuco. Quantas emoções estarão reservadas para a tarde deste domingo, nos Aflitos? Quais sentimentos irão aflorar entre alvirrubros e tricolores? Nem adianta dizer ´esse clássico não vale nada`. Clássico sempre vale tudo. Clássico é clássico, amigo! E tudo fica mais exagerado quando dois rivais dividem o mesmo gramado. O gol é mais comemorado. O erro mais contestado. A derrota, mais sofrida. Qualquer clássico poderia se chamar Clássico das Emoções. Mas apenas Náutico e Santa é oficialmente tratado como tal.

Até aqui, passaram-se seis rodadas do Campeonato Pernambucano. A surpreendente largada do Santa Cruz é o fato que mais chamou a atenção. Nem o mais otimista tricolor poderia imaginar uma vitória atrás da outra. 100% de aproveitamento. Contra o Náutico, o novo Santa terá o seu maior teste até agora.

O time alvirrubro começou o PE2011 cambaleante. Desfigurado. Nos últimos dois jogos, porém,a entrada de reforços começaram a dar liga ao trabalho de Roberto Fernandes. O futebol apresentado na goleada sobre o Porto encheu a torcida de esperança. Em 4º lugar, com 11 pontos, o Timbu está a 7 do Tricolor.

Apesar da diferença de pontos, é difícil apontar um favorito. Será um confronto direto entre teoria e prática. Teoricamente, o Náutico tem um grupo mais qualificado. Na prática, o ´coadjuvante` atropelou o que viu pela frente. Certamente, o jogo dos Aflitos terá muito a dizer sobre os dois times.

Mas afinal, o que faz o clássico ser tão especial? Quais fatores influenciam negativa e positivamente. Para tecer uma análise fundamentada, a reportagem do Superesportes decidiu ouvir um especialista. O alemão radicado no Brasil Dietmar Samulski é presidente da Sociedade Sul-Americana de Psicologia do Esporte (Sosupe). Incorporado à delegação brasileira na Olimpíada de Atenas, e nas três últimas Paraolimpíadas, ele também trabalhou no Cruzeiro. A experiência acumulada lhe permite tentar explicar, tecnicamente, o que faz do clássico um jogo ´diferente`.

É uma partida fascinante justamente por conta de toda tensão e expectativa. O futebol é o único esporte totalmente imprevisível. O único que é possível vencer mesmo jogando pior. No clássico, a carga emocional é muito grande e existem vários fatores que podem explicar isso. Quanto maior a ansiedade, maior o nível de stress. E a condição psicológica do jogador vai influenciar tanto quanto à condição fisica`, pontua. Exposição acima da média, cobrança exagerada, clima tenso. Ansiedade, stress, tradição. Responsabilidade maior, gozações no dia seguinte. Clássico é sempre um banquete à flor da pele. De emoções.

A análise foi feita pelo psicólogo Dietmar Samulski antes do primeiro clássico da década. Ele lista alguns pontos que considera fundamentais em torno da áurea do clássico. Fatores que ajudam a explicar o nível de tensão e emoção comum aos grandes jogos.

Stress

Principalmente sobre os mais novos, o nível de stress costuma ser amplificado. Neste caso, o atleta não consegue desenvolver todo seu potencial. ´Quanto maior a ansiedade, maior o nível de stress. No clássico, o jogador se depara com uma exposição bem acima da média. Então, se não souber lidar com a pressão, ele acaba ficando meio travado. Por isso os clássico costumam ser truncados, com muita marcação e poucos gols.`

Cobrança

´Quando dois times de tradição se enfrentam, está jogo muito mais do que três pontos. São gerações e gerações de pessoas envolvidas`, explica Samulski. De acordo com o psicólogo, inconscientemente, o atleta leva pra dentro de campo o clima assimilado durante a semana. Além da cobrança dos dirigentes e dos torcedores, a dos próprios familiares e amigos mexem com a cabeça do jogador.

Preparo psicológico

Samulski cita a importância dos jogadores serem preparados psicologicamente. O trabalho, no entanto, deve ser desenvolvido a longo prazo. ´Principalmente nos jogadores mais jovens, a carga emocional é muito grande. É fundamental que o jogador tenha um acompanhamento psicológico desde as categorias de base. Justamente para saber lidar com naturalidade diante desse tipo de situação. Não adianta contratar um psicólogo ou motivador pra tentar fazer milagre um ou dois dias antes do jogo. O trabalho psicológico deve ser integrado na comissão técnica. Deve ser diário e tão compromissado quanto a preparação física.`

Importância da razão

Os comentários mais ácidos por parte dos dirigentes acirram os ânimos. Isso é algo muito arriscado, porque aumenta ainda mais a tensão do jogo. ´O atleta não pode entrar na pilha da imprensa, nem na dos dirigentes. Tem que estar 100% focado para entrar em campo e jogar o seu melhor. Diante de tanta emoção, é preciso encontrar o equilíbrio da razão para poder render o máximo.`

Técnico, caso à parte

´A maior carga de pressão e responsabildiade está depositada sobre o treinador, que é sempre o mais cobrado pelo resultado. É fundamental o treinador tentar seblindar. O futebol é coisa séria, mas não pode ser transformado em guerra. É apenas um jogo. Muitas vezes, a própria mídia transforma o ambiente em alta tensão.

fonte:https://www.ebafutebol.com.br